Augusto Aras afirma que não vai se omitir sobre relatório da CPI da Pandemia
18 de outubro de 2021Relatório final de Renan Calheiros será lido na 4ª feira (20.out.2021) e votado apenas no dia 26
Por LEO RIBEIRO – 18/10/21 às 09H12 atualizado em 18/10/21 às 09H21
Procurador-geral da República, Augusto Aras afirmou em entrevista ao Canal Livre (Band), neste domingo (17.out.2021), que não vai se omitir caso o relatório da CPI da Covid traga elementos contundentes relacionados ao governo de Jair Bolsonaro.
Questionado sobre a desconfiança de que poderá engavetar denúncia contra o presidente Bolsonaro, o que teria motivado os integrantes da CPI a criar uma estratégia para que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue o caso sem a participação dele, o procurador disse que “serão tomadas todas as providências”.
“O problema é saber se estaremos omissos. Quem me conhece pode dizer que posso pecar por ação, não por omissão”, disse ele, que apontou ser discreto e não fazer escândalo, mas não omisso.
Aras detalhou a atuação de um grupo criado no Ministério Público para acompanhar a evolução da pandemia do ponto de vista jurídico, com a atuação de 150 promotores e procuradores.”Temos um trabalho alentado, que foi entregue à CPI”, afirmou.
Segundo ele, esse grupo acompanhou diariamente a comissão. Ele definiu a apuração parlamentar como relevante e lembrou que casos como o da Prevent Sênior já são investigados pelo Ministério Público.
Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) decidiu propor em seu texto final o indiciamento do presidente e de outros três ministros de seu governo: o titular da Saúde, Marcelo Queiroga, o atual ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o atual ministro da Defesa, Walter Braga Netto.
Como havia adiantado em entrevista à Folha, Renan vai sugerir o indiciamento de Bolsonaro por 11 crimes. Houveram divergências entre os senadores sobre o relatório final da CPI, mas Renan disse hoje (18.out.2021) – em entrevista à CNN – que esse pedido não será alterado.
“Há 20 dias eu dei uma entrevista à Folha de S. Paulo e disse que do meu ponto de vista, do meu ponto de vista, serão 11 tipos penais escolhidos. Isso não vai mudar. Isso continua. O presidente da República, com relação a homicídio, é porque ele deixou de cumprir seu dever ao não evitar mortes que eram evitáveis. O Código Penal é luminar com relação a isso. Isso é crime de homicídio, caracterizado. Homicídio comissivo por omissão. Está caracterizado o crime de homicídio”, apontou.
O adiamento da leitura foi anunciado pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), após insatisfações sobre trechos do documento do relator e debates, entre outros pontos, sobre a inclusão de membros da família de Bolsonaro entre as propostas de indiciamento.
Estava marcada a leitura já para amanhã (19.out.2021), entretanto, o documento será lido na 4ª feira (20.out.2021), mas a votação do texto, que seria nesse dia, ficará apenas para a semana seguinte, no dia 26.
INFLUÊNCIA
Aras negou – na entrevista ao Canal Livre – que seja candidato a uma vaga no STF, já que senadores contrários à indicação de André Mendonça são entusiastas da nomeação do procurador-geral para o Supremo. Augusto admitiu que esse tipo de conversa acontece com deputados e senadores.
“Quem quer ser ministro do Supremo não pode ser PGR e vice-versa. O cargo de procurador-geral da República é extremamente conflituoso”, disse ele que admitiu que um eventual convite do presidente seria relevante “para qualquer operador da área do direito”.
MS Notícias