ELEIÇÕES 2022 MS: Pré-candidaturas saem às ruas, mas o quadro ainda está indefinido
22 de março de 2022MS está com nomes do xadrez eleitoral na ‘geladeira’
Ainda não é possível afirmar, com precisão e certeza absoluta, quantos e quais serão os concorrentes à sucessão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O cenário de disputas só será definido quando desaparecerem as incógnitas e indefinições decorrentes das mudanças na legislação eleitoral, sobretudo no que diz respeito às federações, um mecanismo criado para compensar o fim das coligações proporcionais, e o fechamento do processo de filiações partidárias para quem for candidato.
Outro fator que influirá significativamente no jogo eleitoral dos estados será a sucessão presidencial, polarizada até agora entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Presidente e ex-presidente dominam a maioria das intenções de voto em todas as pesquisas, à medida que diminui o tempo para o surgimento de uma terceira via. Os nomes de Sérgio Moro (Podemos) e de Ciro Gomes (PDT) não empolgam como opções equidistantes do que taxam como projetos extremistas (Bolsonaro, de direita, e Lula, de esquerda).
Em Mato Grosso do Sul, sete nomes já estão sendo apresentados para a sociedade. Todas aguardam por definições determinantes para o melhor ajuste de seus projetos eleitorais. O ex-governador André Puccinelli (MDB); o secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB); o prefeito Marquinhos Trad (PSD); a deputada federal Rose Modesto (União Brasil); o ex-governador Zeca do PT; o deputado estadual Capitão Contar (PL); e o empresário Beto Figueiró (PRTB) ainda não sabem ao certo com quem contar e a quem enfrentar.
Isso não impede que saiam às ruas e percorram o interior para dialogar com as bases partidárias e sentir a presença e as expectativas da sociedade. Cada um dos pré-candidatos tem seus desafios específicos, o que cria diferenças de intensidade no comprometimento de cada pré-candidatura. O prefeito Marquinhos Trad, por exemplo, tem prazo até o dia 02 de abril para renunciar ao cargo e só então fazer a inscrição definitiva de seu nome da convenção partidária que oficializará as candidaturas.
Motivado pela popularidade fortalecida com seus dois mandatos na gestão da Capital, conferindo demonstrativos favoráveis de intenções de voto e abrindo portas importantes com lideranças interioranas, Marquinhos já tomou a decisão e repete, a quem duvida, que a renúncia é irreversível. Mas há quem considere a hipótese de o prefeito, por responsabilidade e sensatez, avaliar até o último instante a dimensão de suas decisões.
Marquinhos afiança que vai cuidar ainda melhor de Campo Grande sendo governador. E enfatiza sua total confiança na vice-prefeita, Adriane Lopes (Patriota), para substituí-lo na prefeitura. Do outro lado da linha, Puccinelli, Riedel, Rose e Zeca aguardam o desenrolar desses novelos locais e também dos nacionais, cada qual conduzindo a pré-candidatura ao seu ritmo.Rose Modesto. Foto: Redes
Para Puccinelli e Riedel, a pré-campanha já vem avançando com um embalo relativamente mais dinâmico e encorpado. Estão maratonando há mais de ano pelos municípios: o emedebista incentivado pelo mística apelo de uma legenda querendo retomar a tradição e a força que já lhe deram hegemonia;e o tucano turbinado pelo êxito das ações de um governo municipalista, que tem nele o ponto de referência para o debate sobre gestão, que será um dos destaques temáticos da campanha. André fez visitas em Costa Rica, Figueirão, Alcinópolis e Coxim desde 11 de março. “Nestas quatro cidades encontrei amigos entre os compromissos do dia. Receber esse carinho é o que me enche de energia para seguir nessa minha pré-candidatura ao governo. Assim como também ser recebido por grupos que possuem a esperança de ter suas demandas atendidas. É dessa maneira que sempre trabalhei e que vou continuar trabalhando, junto das pessoas. Vamos construir o futuro do nosso MS com diálogo”, disse o ex-governador num post no Instagram.
Rose só agora ficou completamente à vontade para entrar em cena. Teve a sua pré-candidatura referendada pela direção do União Brasil, desligou-se do incômodo de ficar num partido (PSDB) que já tem candidatura definida (a de Riedel) e acelera o passo para seduzir aliados a partir do momento em que os processos de filiação e construção de federações se encerrarem.Esse é Zeca do PT. Foto: Arquivo | MS Notícias
Zeca é o mais comedido dos cinco pré-candidatos.Algo inusitado, ele que é um dos mais acesos protagonistas do debate político no Estado. Por enquanto anda na batida compassada do PT em território estadual, mas ouvindo e dialogando, consciente do peso político que sua pré-candidatura ganhará com o “efeito Lula”. Deve fechar o mês assim, à mineira, para em abril, com um desenho mais nítido, abrir o cenário de entendimentos para organizar a chapa proporcional e ajustar o bloco federado.
O DIA D
Rigorosamente, nenhuma dessas pré-candidaturas quer ir além dos passos protocolares. É período de pré-campanha e declarações prematuras ou decisões precipitadas podem causar estragos irreversíveis. Até a montagem dos palanques para as candidaturas presidenciais terá sua importância com valor diferenciado. Todavia, a disputa doméstica dependerá do tamanho, da competitividade e da quantidade dos candidatos. Pode ser pulverizada, com até cinco pretendentes, ou polarizada entre dois ou três.
Assim, a data para os primeiros e mais contundentes impactos no contexto da sucessão sul-mato-grossense é dia 02 de abril. Nesta data, mesmo sem uma convenção partidária, todo mundo – especialmente a concorrência – terá a certeza de que tem ou não um candidato a governador pré-oficializado: Marquinhos Trad. Basta renunciar ao cargo e estará, automaticamente, assumindo a condição de “fato consumado” na corrida rumo à Governadoria.