Menino com tumor raro viaja de Rondônia mais de dois dias de ônibus para realizar cirurgia em Curitiba
13 de março de 2023Após cirurgia de cerca de 10 horas para retirada de tumor, Luiz passou por traqueostomia e precisou usar sonda para evitar riscos de broncoaspiração
Créditos: Arquivo pessoal
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Luiz Antonio recebeu alta 4 meses após dar entrada no Hospital Marcelino Champagnat para tratar tumor raro
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Palpitações na língua, falta de apetite e perda do equilíbrio foram alerta para doença; paciente ganhou festa de aniversário surpresa no hospital enquanto aguardava alta
Palpitações na língua, falta de apetite, engasgo constante e um ronco estranho levantaram suspeitas de que algo não estava bem na saúde do adolescente Luiz Antônio Machado.
Ele era mais magro e mais baixo que os amigos, mas tinha uma vida ativa, estudando e trabalhando como menor aprendiz. Mas foi uma perda de equilíbrio quando saía da escola que acendeu o alerta.
“Ele fazia um tratamento para rinite desde os 13 anos porque roncava estranho, mas aos 16 começaram palpitações na língua e a médica suspeitou que pudesse ser alguma alteração no cérebro. Depois de vários exames descobriram o tumor”, conta Elza Machado, mãe do menino.
Com a indicação em mãos do neurocirurgião de Curitiba (PR), Carlos Alberto Mattozo, a mãe não pensou duas vezes: pegou o filho e saiu de Vilhena, em Rondônia, em busca do tratamento que poderia devolver a esperança de cura do menino.
“Era uma sexta-feira à tarde quando minha mãe me contou sobre o tumor e no sábado a noite pegamos o ônibus”, conta Luiz.
“Na hora, eu não me desesperei, porque não entendi direito. Só caiu a ficha do que estava acontecendo mesmo quando o neurocirurgião fez um desenho e nos explicou os riscos do tumor”, relembra.
“O Luiz estava com um tumor raro, conhecido por xantoastrocitoma pleomórfico, e a patologia demorou para sair. O tamanho já estava comprometendo gravemente as funções dos membros cranianos, por isso a dificuldade de engolir. A cirurgia era a única opção de tratamento”, explica o neurocirurgião do Hospital Marcelino Champagnat.
Após a cirurgia que durou cerca de 10 horas, Luizinho, como é chamado pela equipe multidisciplinar que o atendeu no hospital, fez uma traqueostomia e precisou usar uma sonda para evitar riscos de broncoaspiração.
“Não foi possível retirar todo o tumor, porque existe a possibilidade de afetar permanentemente algumas áreas cognitivas. Após a alta, ele começou a ser acompanhado por uma equipe de oncologia clínica para verificar a necessidade de químio ou radioterapia. Mas a melhora dele foi ótima e ele já voltou para casa”, complementa Mattozo.
Viagem
Para a cirurgia, mãe e filho viajaram mais de dois dias de ônibus e passaram quatro meses no Hospital Marcelino Champagnat. No início de fevereiro, ele fez 17 anos e ganhou uma festa surpresa da equipe de saúde que fez seu acompanhamento.
“Ver como ele está hoje me dá a certeza de que fizemos o mais correto. Em Vilhena, ficaram o meu marido e o irmão caçula do Luiz. Ele estava estudando, eu tirei licença do trabalho, então, não víamos a hora de voltar para casa, mas fomos bem cuidados aqui e agora todas essas pessoas fazem parte da nossa família”, fala a mãe, emocionada.
Para a alta, Luizinho precisou passar por um teste chamado Blue Dye Test, mais conhecido como teste azul.
O fonoaudiólogo do Hospital Marcelino Champagnat, Humberto Quintino, explica que o tumor afetou a área da deglutição do jovem e, para proteger o pulmão, ele precisou ficar traqueostomizado e usando um balonete que fazia a proteção das vias aéreas.
“Nesse teste, é oferecido um corante azul que se mistura à saliva e verificamos se em 24 horas existe alguma secreção azul que sai pelo tubo da traqueostomia. Com os exercícios e manobras de deglutição ele ganhou alta médica no início de março”, afirma.
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