A mãe Priscila Hiromi buscou compartilhar sua história para incentivar a adoção
- Maria Clara Andrade
21 mai 2023 – 05h00 Compartilhar Ver comentários
Priscila Hiromi e Rafael Távora Foto: Arquivo PessoalCom tão pouco tempo de vida, uma bebê de 1 ano já tem uma boa história para ser contada. A pequena, que não pode ser identificada por ainda estar em processo de adoção, foi adotada pelo casal Priscila Hiromi, de 38 anos, e Rafael Távora, de 36, como uma criança surda. Para a surpresa dos pais, algumas semanas depois de chegar ao novo lar, a bebê voltou a escutar.
A mãe conta que, quando a menina foi entregue, já tinham sido feitos dois exames testando seus reflexos, que identificaram a surdez, mostrando que ela não respondia a nenhum estímulo sonoro. Depois de adotada, Priscila a levou para realizar um novo teste.
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“Nesse exame, a médica detectou que não tinha nenhuma má-formação no ouvido, não era nada cirúrgico. Falou que ela realmente não estava escutando nada, mas acreditou que não era irreversível”, relembra Priscila. A médica apontou que a menina poderia estar com secreção no canal auditivo por causa de infecções anteriores.
Os pais, então, começaram um tratamento com antibiótico, lavagem nasal, nebulização e fisioterapia respiratória. Até o tipo de leite que a neném tomava foi trocado. “O que ela estava tomando produzia mais muco”, disse a mãe, que explicou que eles trocaram por uma opção sem a proteína do leite. Depois de três semanas de tratamento, a menina demonstrou ouvir pela primeira vez ao se assustar com o barulho de um aspirador.
“Ela estava brincando comigo e com minha sogra, a moça ligou o aspirador, e ela chorou. A primeira vez que ela escutou o barulho”, diz a mãe. A reação da sogra foi de imediatamente ligar para os pais para comemorar. “Foi aquela alegria”, relembra Priscila.
O casal levou a menina de volta para um médico, que constatou que ela não tinha mais nenhum problema de surdez.
Amor além da deficiência
A reviravolta no caso da pequena, é claro, trouxe muita alegria aos pais adotivos. Porém, para Priscila e Rafael, o amor vai muito além do que qualquer deficiência. Os dois, quando se inscreveram para a adoção, optaram por estarem abertos a receber crianças com alguma deficiência física e doenças tratáveis.
“Você preenche um formulário com características que você se sente apto a receber a criança. Você pode determinar cor de pele, cor dos olhos, etnia, idade, sexo, várias coisas. A gente colocou um perfil bem aberto, independente de ser menina ou menino, de 0 a 6 anos de idade, independente de características físicas e também que a gente estava apto a receber alguém com alguma deficiência física e doenças tratáveis”, conta Priscila.
O casal esperou por cerca de dois anos na fila de adoção. Quando a assistente social ligou para dizer que havia um bebê disponível, ela citou a falta de audição e questionou por diversas vezes se aquilo seria um problema. “Decidimos dar continuidade. Foi muito rápido, como é um bebêzinho, eles têm pressa para que o bebêzinho vá para a sua casa, para você começar o vínculo. Do dia da ligação até a chegada dela foram seis dias”, diz Priscila, que recebeu a menina com três meses de vida.
A nova mamãe afirma que buscou compartilhar sua história para que pudesse incentivar outros casais – ou pessoas solteiras que tenham interesse – a adotar. “Incentivar mais as pessoas a ter o amor independente de qualquer coisa, buscar a adoção como alternativa, estar mais aberto”, explica.
“Na adoção, quando a gente entra, você entra com aquele pensamento assim quero um bebêzinho parecido com a minha família, saudável… Só que essa não é a realidade, infelizmente, das crianças que vão parar no abrigo. São crianças que tiveram problemas, passaram por traumas”, diz Priscila.
Fonte: Redação Terra