Paternidade x Negócios: Quais lições são aprendidas em casa e levadas para o trabalho?

Paternidade x Negócios: Quais lições são aprendidas em casa e levadas para o trabalho?

8 de agosto de 2023 0 Por Marco Murilo de Oliveira

Uma pesquisa realizada pelo Money Times aponta que aqueles que não tiveram filhos vêem um impacto negativo maior da parentalidade em 46 dos 57 fatores avaliados, principalmente aqueles ligados a crescimento profissional, saúde financeira e nível de ansiedade. 

O estudo ainda traz uma contrapartida, apontando que as pessoas que não tiveram filhos percebem que a parentalidade fortalece o desenvolvimento de algumas competências, como a arte de ser multitarefa. Quase 90% dos profissionais sem crianças enxergam essa habilidade nos colegas que são pais ou mães e 80% dos que têm filhos se vêem assim.

Apesar de, na maioria das vezes, relacionarmos a multifuncionalidade às mulheres, também  temos pais que assumem cargos importantes de liderança e, ainda assim, são pais extremamente presentes e levam características dessa experiência pessoal para o mundo corporativo. Analisando esse cenário, trouxemos 13 exemplos para demonstrar esse combo de sucesso. Confira:  

Cadu Lopes – CEO da Doctoralia Brasil, Chile e Peru 

Com mais de 22 anos de experiência, já passou por grandes empresas de Telecom, como Oi, Claro e Tim. Na Doctoralia, maior plataforma de saúde do mundo, é responsável por toda a operação no Brasil, Chile e Peru, liderando um time de mais de 600 colaboradores. Cadu é pai do Eduardo e da Flora, e afirma que o ambiente familiar pode impactar positivamente o espaço corporativo. “Para mim, a família é a base de tudo! É onde nos reconectamos com os valores mais caros e inegociáveis. Por isso, levo a mesma atmosfera para a Doctoralia, atuando com firmeza, quando se faz necessário, mas sempre com acolhimento, ajuda e orientação para todos os nossos guerreiros”, conclui. 

Rafael Gianesini – CEO e cofundador da Cidadania4U 

Segundo o CEO e cofundador da Cidadania4U, ser pai traz um senso maior de responsabilidade. “A partir do momento que a paternidade começa  a fazer parte da nossa vida, passamos a ter um olhar diferente em relação à nossa vida profissional. Afinal, quando uma pessoa depende  de você, é normal que você se dedique  ainda mais ao trabalho, as suas relações com os demais funcionários e clientes também melhoram”, comenta. 

Guilherme Massa – Cofundador da Liga Ventures

De acordo com o cofundador da Liga Ventures, ser pai desperta um senso de cuidado enorme, pois você se descobre capaz de fazer de tudo pelos filhos. “Sou pai de quatro crianças. Acabei trazendo muito desse zelo para minha jornada como empreendedor na Liga. Ambos os papéis demandam muita paixão e atenção. A paternidade me deu muita plasticidade para me adaptar a novas situações e me ajuda a colocar também muito coração no negócio, aquele espírito de ‘vou dar um jeito, tem que dar certo!’”, conta.

Samir Iásbeck – CEO e fundador da Qranio

Para o CEO e fundador da Qranio, ser pai é como administrar uma empresa: há choro, gargalhadas, noites sem dormir e negociações intermináveis, mas, ao final do dia, a vitória está na perseverança e no comprometimento. “A paternidade nos ensina que toda ação tem uma consequência, uma verdade inescapável no mundo dos negócios bem-sucedidos. Um bom ambiente familiar é o alicerce para um bom ambiente de trabalho. Quando não há um alinhamento completo de objetivos com seus sócios, o negócio tende a não prosperar – o mesmo se aplica à família. A harmonia no lar e no trabalho não são eventos isolados, mas refletem um ao outro”, analisa.

Carlos Campos – Diretor-geral da emnify no Brasil   

O executivo da emnify é fã da psicologia positiva e percebeu o quanto esta funciona tanto na criação dos filhos como no trabalho. “A ideia é não parabenizar apenas os resultados, mas valorizar os esforços empenhados nas tarefas, entendendo como a pessoa do outro lado se sente. Reconhecer o esforço traz engajamento e as consequências são resultados mais sustentáveis a longo prazo e o sentimento de realização”, explica.                               

Ricardo Laham – CEO e Sócio da Vila 11
Segundo o executivo da Vila 11, ser pai abriu uma nova perspectiva sobre valores e propósitos de vida. “Meu filho me deu a fascinante compreensão sobre os meus pais, e a oportunidade de tentar fazer ainda melhor por ele. E no lado profissional, isso trouxe ao primeiro plano uma verdade básica de que colaboradores são antes de tudo pais, mães ou filhos, e que o respeito e cumplicidade desta condição humana em todos os níveis tem o poder de aproximar, criar confiança e favorecer a evolução individual e coletiva na organização”, conta.        

Flávio Guimarães – Presidente da Corning na América Latina e Caribe

De acordo com o executivo da Corning, ser pai fez com que realmente entendesse o significado da palavra amor. “Fez com que eu me tornasse um melhor líder e colega no trabalho pois aprendi a me doar mais, ser menos ansioso e entender os temas com o olhar dos outros na empresa. Pode não parecer uma ligação óbvia, mas João Victor me fez querer ser uma melhor pessoa para todos em minha volta, principalmente no trabalho”, afirma.                                                                    

Ygo Leite – CTO da Sauter

Comparando a vida de pai com a profissional, o CTO da Sauter afirma que para os dois mundos é preciso se aprimorar e se preparar para a experiência, além de ter bons exemplos. Ygo aproveita e cita três missões do papel de pai que leva para o trabalho. “A vida de pai é muito ampla e exige que estejamos abertos a aprender cada vez mais, como tudo na vida. E assim como no trabalho, onde precisamos sempre dar iniciativas, em casa também é necessário agir assim, como trocar fraldas de madrugada, por exemplo. Além disso, ajudamos nossos filhos a crescer, evoluir, a ganhar conhecimento e na carreira é a mesma coisa. Preciso ajudar meu time a evoluir, preciso ouvir, estar junto e ser companheiro”, aponta.

Gustavo Tozzo – Gerente de Vendas da Universal Robots – Brasil e Argentina

Para o profissional da Universal Robots, criar filhos e fazer negócios apresentam similaridades, já que ambos crescem, aprendem, trazem questionamentos, adoecem e se recuperam. “Conciliar a missão de pai e profissional fez com que eu aprendesse a melhorar a gestão do tempo, rotina e até mesmo de conflitos. Além disso, entendi como a inteligência emocional é importante. Diversas vezes, mais do que falar, é necessário estar disposto a aprender e escutar”, diz.                                                                      

Gustavo Moura – Sócio-Diretor de Branding da Enredo

Gustavo explica que a paternidade trouxe uma reviravolta em sua vida, principalmente depois de começar a vivência como pai solo, e trouxe ensinamentos que são utilizados tanto na vida pessoal, quanto na profissional dentro da Enredo. “Viver esse momento sozinho me trouxe muita resiliência e serenidade, principalmente nas adversidades. Me abriu os olhos para o autoconhecimento e me fez evoluir, tanto na vida pessoal como profissional, trazendo um olhar mais cuidadoso, sobre o lado humano das relações profissionais”, comenta Moura. 

Ricardo Karam – Head de Produto do Agidesk

Para Ricardo, a chegada de Vicente trouxe mudanças significativas para sua vida, principalmente no equilíbrio entre vida profissional e as responsabilidades e dedicação de tempo com o seu filho. “Quando você entende que existe um ser humano que levará suas atitudes e valores como principal referência, você realiza que não se pode postergar a presença e participação diária na educação, pois boa parte dela se constrói nos primeiros anos de vida. Este tempo é insubstituível para o meu filho e ter consciência disso refletiu em um aumento de eficiência no trabalho, quando chega às 18h e meu expediente termina eu quero estar com ele, viver o offline e aproveitar esse tempo que não volta mais”, explica.

Denis Ferrari – CEO da Azys

Denis consegue ver muitos aspectos da liderança na paternidade. Para ele, os filhos reproduzem as ações dos pais, sendo preciso ter muito cuidado com o comportamento diante deles. Outro ponto muito importante é a adaptação: “Minha filha mais velha tem cinco anos e cada ano parece ser uma criança diferente. É necessário aprender como lidar com a personalidade e com o momento que ela está. São demandas diferentes que mudam muito rápido, igual uma startup. Além disso, as pessoas têm suas individualidades e existem crises que precisam de gerenciamento.”, conta o CEO da Azys. 

Luiz Felipe Gheller – CEO do Vakinha

Quando compara paternidade ao empreendedorismo, a primeira coisa que vem à cabeça de Luiz Felipe Gheller é a paciência. Assim como com sua filha de 12 anos, sendo CEO do Vakinha ele aprende que existe um tempo necessário para que as pessoas possam aprender. Outro ponto é que, como pai, existe uma grande dúvida entre deixar a criança tomar decisões ou protegê-la. “Tem horas que precisamos intervir, deixamos mais solta, nos metemos demais. Eu tenho o mesmo sentimento em relação a delegar meu trabalho”, conta Luiz.

Luiza Fidelis | PiaR Group