‘C*gão’, ‘traidor da pátria’: Braga Netto atacou militares que rejeitaram plano golpista; veja prints
8 de fevereiro de 2024Mensagens estão em documento da Polícia Federal que embasam a Operação Tempus Veritatis, que tem como alvo Bolsonaro e aliados
Beatriz Araujo Beatriz Araujo Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro
8 fev 2024 – 12h39
(atualizado às 13h33)
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Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto em evento no Palácio do Planalto em 2021
O ex-general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice da chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022, é um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, 8. Em mensagens de WhatsApp obtidas pela autoridade policial, Netto aparece atacando militares que não estavam apoiando o plano golpista, em tese, articulado por Bolsonaro e aliados.
Em conversa de 14 dezembro de 2022 com Ailton Barros, ex-militar que já foi candidato a deputado estadual pelo PL, partido de Bolsonaro, Netto chama o então general Freire Gomes de ‘cagão’ e diz que “omissão e indecisão não cabem a um combatente”.
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Freire Gomes assumiu o comando do exército em março de 2022 por indicação de Jair Bolsonaro, e deixou o cargo em dezembro. No ano passado, em meio a investigações da Polícia Federal, foram obtidas conversas do dia 15 de dezembro em que Ailton Barros e Mauro Cid também falavam sobre pressionar Freire Gomes para que “ele faça o que tem que fazer”.
Também no dia 15 de dezembro, Ailton enviou a Braga Netto, conforme novas conversas obtidas pelo Terra em documento da PF: “Se o FG tiver fora mesmo. Será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”.
Foto: Reprodução
Outros ataques
Outros militares também foram alvos de críticas e xingamentos de Braga Netto. Em outra ocasião, ele xinga o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira, o chamando de “traidor da pátria”.
A partir disso, ele cria ‘memes’ com o intuito de desmoralizar Baptista Junior e, em paralelo, pede para que o almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos fosse elogiado.
Foto: Reprodução
“As referidas mensagens vão ao encontro, conforme aponta a Polícia Federal, dos fatos descritos pelo colaborador Mauro Cid, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante Almir Garnier, em reunião com o então Presidente Jair Bolsonaro, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente, tudo de acordo com as imagens acima lançadas”, escreveu o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator da petição que destrincha os documentos obtidos pela PF.
Sobre a investigação, Moraes indica que a autoridade policial apresenta indicativos de uma “a real expectativa que permeava o grupo quanto à permanência no poder, discorrendo ainda sobre a relação entre os todos os cinco eixos de atuação da organização criminosa que, embora ostentem finalidades específicas, foram utilizados como suporte para verdadeira execução de um golpe de Estado no Brasil.”.
A investigação
A operação batizada de Tempus Veritatis investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
São cinco crimes principais que movem a investigação:
• Ataques virtuais a opositores;
• Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;
• Tentativa de golpe de estado e de abolição violenta do estado democrático de direito;
• Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;
• Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens como: o uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; e o desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito.
Conforme apuração do Terra, a operação gerou quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas de prisão – que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
O advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmou nesta quinta-feira, 8, que o ex-presidente irá entregar seu passaporte às autoridades.
Além disso, a operação gerou quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas de prisão – que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Até o momento, foram presos:
Filipe Martins – Ex-assessor especial de Bolsonaro;
Marcelo Câmara – Coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente;
Rafael Martins – Major das Forças Especiais do Exército;
Bernardo Romão Corrêa Netto – Coronel do Exército (mandado ainda não cumprido, já que o alvo está nos Estados Unidos).
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Fonte: Redação Terra