Rotavírus: período de chuvas aumenta riscos de contaminação

Rotavírus: período de chuvas aumenta riscos de contaminação

27 de março de 2024 Off Por Marco Murilo de Oliveira

Pediatra orienta buscar atendimento médico em casos de diarreia grave em crianças. Doença pode ser contraída através de água, alimentos contaminados e fezes, inclusive nas trocas de fraldas de bebês vacinados

Segundo o Ministério da Saúde, o rotavírus é o agente mais frequente de diarreia grave em crianças menores de cinco anos de idade e as infecções pela doença provocam mais de 200 mil mortes por ano no mundo. Os principais sintomas da doença são febre alta, vômitos e diarreia grave. O vírus causa alterações tanto estomacais – com vômitos importantes e numerosos -, como intestinais, causando diarréia aquosa, malcheirosa, volumosa e com alta frequência.

Segundo a médica pediatra do Espaço Zune, Giselle Pulice, “o rotavírus é um dos principais vírus que causam sintomas de gastroenterite graves na população, principalmente em crianças e é uma doença altamente transmissível e que evolui rapidamente. É comum que as crianças evacuem muito, às vezes mais de 20 ou 30 episódios. A consequência disso é que a criança que evacua e vomita muitas vezes ficará desidratada rapidamente, apresentando sintomas como sonolência, prostração, coração batendo rápido, diminuição de lágrimas ao chorar e diminuição da urina”.

Apesar de existir um exame de fezes para a detecção do vírus, o mais indicado é iniciar o tratamento o quanto antes. Para a pediatra, quando os pais perceberem aumento no número de evacuações e vômitos, já é indicado iniciar a hidratação com soros de reidratação oral. Se a criança não aceita o soro de reidratação oral, ou em qualquer sinal de desidratação, é importante ir ao pronto socorro para que essa hidratação seja realizada via endovenosa, que é mais eficiente.

“Quando a criança está hidratada, calculamos a quantidade de líquidos que deve ser reposto de acordo com a idade e peso e vamos reidratando oralmente de acordo com a perda em cada episódio de diarreia ou de vômito. Mas, quando a criança já está desidratada, é importantíssimo ir a um ambiente hospitalar e receber hidratação via endovenosa, que é muito mais eficiente. O médico irá avaliar a necessidade de remédios antieméticos e antidiarreicos, que devem ser usados com cautela. Bebês pequenos com rotavírus costumam ter muita assadura devido fezes mais ácidas, as pomadas de assadura são essenciais nesse período”, alerta a médica.

Cuidados com a criança vacinada para evitar contaminação

A transmissão se dá por via fecal-oral, por meio do contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e propagação aérea por aerossóis. Por isso, os cuidados básicos de higiene com alimentos, destinação correta do lixo e com a qualidade da água consumida são algumas das maneiras mais eficientes de se proteger contra a doença. Além disso, o rotavírus pode ser encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas ou recém vacinadas. A troca das fraldas nos 30 dias após a vacinação precisa de atenção e cuidados de higiene redobrados.

Para os pais e cuidadores, o contato com a criança vacinada tem riscos de contaminação. Ao receber as gotinhas da vacina, a troca das fraldas nos 30 dias após a vacinação precisa de atenção e cuidados de higiene redobrados, já que as fezes da criança estão contaminadas. O indicado é que apenas um cuidador faça essas trocas para evitar que a doença se espalhe na família.

Segundo informações da Agência Einstein, o esquema de vacinação do SUS contra o rotavírus humano é de duas doses, exclusivamente via oral aos dois e quatro meses de idade, sendo que a primeira dose pode ser administrada a partir de um mês e 15 dias e, a segunda dose, pode ser administrada a partir de três meses e 15 dias até sete meses e 29 dias. Na rede particular, a vacina é administrada em três doses, aos dois, quatro e seis meses.

“A vacina age das duas maneiras: protege a criança de se contaminar e também ameniza os sintomas em caso de contaminação. As crianças vacinadas, quando expostas, tem sintomas mais brandos. No Brasil existem dois tipos de vacinas: a vacina do SUS é monovalente, ou seja, protege contra um tipo mais comum do rotavírus, enquanto nas redes particulares de vacinação é possível vacinar com o tipo pentavalente, ou seja, contra os cinco principais tipos do vírus”, ressalta a pediatra Giselle Pulice.

Cuidados para evitar contaminação

  • Manter a vacinação em dia;
  • Lavar sempre as mãos das crianças e adultos, com água limpa e sabão, antes e depois de utilizar o banheiro e preparar ou manipular alimentos;
  • Usar álcool quando não for possível a lavagem das mãos;
  • Tomar cuidado com a limpeza e troca de fraldas de bebês vacinados por 1 mês;
  • Aumentar o consumo de líquidos;
  • Evitar contato com pessoas e crianças com diarreia;
  • Descartar fraldas e lixo corretamente, evitando a contaminação de solo e água;
  • Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos e conservar alimentos perecíveis na geladeira;
  • Aleitamento materno seguindo as recomendações do Ministério da Saúde (exclusivamente até os seis meses e continuada até os dois anos de idade, pois os anticorpos da mãe também protegem o bebê).

Karolina Vieira