ONU reduz pela metade número estimado de mulheres e crianças mortas na Faixa de Gaza

ONU reduz pela metade número estimado de mulheres e crianças mortas na Faixa de Gaza

14 de maio de 2024 Off Por Marco Murilo de Oliveira

Especialista aponta “correção” como prova de que não se pode confiar nos dados fornecidos pelo Hamas e critica Nações Unidas por dar legitimidade ao grupo terrorista, divulgando números que não podem ser checados de maneira independente

Em 6 de maio, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) divulgou que na atual guerra entre Israel e o Hamas, 34.735 pessoas morreram na Faixa de Gaza. Entre elas, 9.500 teriam sido mulheres e 14.500 crianças. No dia 8 de maio, no entanto, esses números foram revisados para 34.844 mortes, sendo 4.959 mulheres e 7.797 crianças. 

Esses números – tanto os iniciais quanto os atualizados – são fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza ou pelo Escritório de Imprensa de Gaza, ambos controlados pelo Hamas. A Organização das Nações Unidas afirma que não é capaz de verificá-los de modo independente. Em abril, o Ministério da Saúde de Gaza admitiu ter “dados incompletos” para mais de 10.000 mortes relatadas e parou de afirmar que 70% das vítimas eram mulheres e crianças. Ainda assim, o escritório de mídia continuou divulgando a informação.

De acordo com autoridades israelenses, entre as baixas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, 14.000 foram de terroristas integrantes do Hamas e cerca de 16.000 foram civis. Os números fornecidos pelo Ministério da Saúde e o Escritório de Imprensa de Gaza não fazem essa distinção.

Especialistas apontam que a redução repentina na quantidade de mulheres e crianças contadas entre o número de mortos ressalta a falta de rigor das próprias fontes do Hamas. Além disso, reacende questionamentos existentes desde o início da guerra quanto à confiabilidade desses dados, tendo em vista a sua origem.

André Lajst, cientista político e presidente executivo da StandWithUs Brasil, organização que promove a educação sobre Israel e o Oriente Médio como o caminho para a paz, relembra que a grande imprensa, líderes como Joe Biden e o presidente Lula, entre outras personalidades e instituições, repetiram os números fornecidos pelo grupo terrorista e critica ONU por legitimar esses dados ao divulgá-los.

“É inegável que a atual guerra na Faixa de Gaza tem causado grande sofrimento humano na região. Contudo, é importante não cair na propaganda do Hamas, dando-lhes legitimidade. É praticamente isso o que a ONU tem feito ao divulgar os números fornecidos pelo grupo terrorista sem fazer as devidas ressalvas, ainda mais considerando que projetos e outras ações da instituição são realizados com base nesses dados. O mesmo tem acontecido com líderes internacionais e organizações humanitárias”, afirma Lajst.

Sobre o número de mortes, o especialista em Oriente Médio também ressalta que “muitos mísseis lançados contra Israel pelos terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica caem dentro de Gaza e já mataram centenas de palestinos, como por exemplo o projétil que atingiu um hospital. Na ocasião, o Hamas logo acusou Israel de ter cometido o ato, mas a inteligência de Israel desmentiu por meio de provas como conversas telefônicas entre terroristas, afirmando que fora uma falha em um míssil lançado pela Jihad Islâmica. Também devemos lembrar que o Hamas usa civis como escudos humanos em escolas, hospitais e residências”.

“Contribuir com as campanhas de desinformação do Hamas não irá contribuir para a paz na Faixa de Gaza, tampouco para o retorno dos 132 reféns israelenses e o fim do sofrimento dos civis palestinos que foram deslocados de suas casas em virtude da guerra iniciada pelo grupo terrorista no 7 de Outubro”, conclui Lajst.

Gráfico divulgado no site Reliefweb, site humanitário informativo da ONU, aponta a redução do número estimado de mortes de mulheres e crianças em Gaza. (Reprodução/Reliefweb

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